A oferta global de petróleo deve crescer três vezes mais rápido do que a demanda neste ano, afirmou a Agência Internacional de Energia (AIE) em seu aguardado relatório mensal. No entanto, fatores sazonais estão mantendo o mercado apertado no curto prazo.
A agência, sediada em Paris, espera que a oferta de petróleo cresça 2,1 milhões de barris por dia este ano e 1,3 milhão no próximo, acima das estimativas anteriores de 1,8 milhão e 1,1 milhão de barris por dia, respectivamente. A revisão segue o mais recente aumento significativo de produção da Opep+, embora os países fora da aliança permaneçam como os principais motores desse crescimento.
A oferta disparou em 950 mil barris por dia no mês passado, liderada pelo aumento de produção da Arábia Saudita, já que diversos produtores do Golfo aumentaram as exportações durante o conflito entre Israel e Irã devido a temores de interrupções no fornecimento pelo Estreito de Hormuz.
Apesar desses aumentos expressivos, fatores sazonais estão apertando o mercado no curto prazo, segundo a AIE. Os mercados futuros continuam em forte backwardation—quando os preços de curto prazo superam os contratos de vencimento mais longo—e a demanda por viagens no verão mantém as margens de refino saudáveis.
Entretanto, o aumento implícito nos estoques globais de 1,74 milhão de barris por dia no segundo trimestre não reflete totalmente a disponibilidade real no mercado. Grande parte desse aumento está concentrada na China e nos EUA, onde o armazenamento estratégico e restrições temporárias à exportação limitam a disponibilidade para o mercado em geral, segundo a agência.
A Opep+,que responde por mais da metade da produção mundial de petróleo bruto, foi responsável por 1,9 milhão de barris por dia do crescimento global de 2,9 milhões de barris por dia registrado em junho. A aliança concordou em acelerar os aumentos de produção pelo quarto mês consecutivo em agosto, o que alimenta preocupações sobre um possível excesso de oferta nos próximos meses.
Contudo, a AIE afirmou que a decisão “não teve um impacto significativo nos mercados, dadas as condições mais apertadas”. Além disso, considerando os níveis atuais de cumprimento e os cortes compensatórios por excesso de produção, a agência não prevê aumentos significativos de oferta em julho.
O relatório de sexta-feira (11) foi divulgado enquanto o petróleo Brent é negociado a US$ 69 o barril, e o West Texas Intermediate a US$ 67 o barril, com a incerteza sobre tarifas dos EUA e preocupações com excesso de oferta pesando sobre o sentimento do mercado.
A AIE reduziu sua previsão de crescimento da demanda por petróleo para este ano para 704 mil barris por dia, ante 724 mil anteriormente. Exceto por 2020, quando a Covid-19 afetou o mercado, essa seria a menor taxa de crescimento desde 2009.
O crescimento do consumo desacelerou acentuadamente no segundo trimestre, subindo apenas 550 mil barris por dia, contra 1,1 milhão de barris por dia no trimestre anterior. A desaceleração se deveu em parte a fatores climáticos, com temperaturas mais frias no inverno impulsionando a demanda nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no primeiro trimestre do ano.
Ainda assim, a agência destacou uma desaceleração mais pronunciada em países em desenvolvimento. Embora possa ser prematuro associar o crescimento mais lento ao impacto das tarifas dos EUA, as maiores quedas ocorreram em países mais afetados por restrições comerciais, segundo a AIE.
Para o próximo ano, a demanda por petróleo deve crescer 722 mil barris por dia, abaixo da estimativa anterior de 739 mil barris por dia. As projeções da AIE continuam bem abaixo das da OPEP, que prevê um crescimento da demanda global de cerca de 1,3 milhão de barris por dia tanto para este ano quanto para o próximo.
Giulia Petroni – Dow Jones